ATA DA QÜINQUAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 21.06.96.

 


Aos vinte e um dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e seis, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, Isaac Ai­nhorn, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, Luiz Braz, Luiz Ne­grinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Nereu D' Ávila, Paulo Brum, Pedro Amé­rico Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Letícia Arruda. Constatada a existência de “quorum” o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Airto Ferronato, 0l Emenda nº 0l ao Projeto de Resolução nº 18/96 (Processo nº 1673/96); pela Vera. Maria do Rosário, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 94/96 (Processo nº 1661/96) e pelo Ver. Ne­reu D' Ávila, 0l Substitutivo nº 0l ao Projeto de Lei do Legislativo nº 128/95 (Processo nº 2342/95). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios: s/nº, do Senhor Ajax de Andrade, do Gabinete do Secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado do Rio Grande do Sul; s/nº, do Senador José Fogaça; s/nº, da Senhora Maria Luiza Feltes, Presidente do Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul; nºs 266 e 267/96, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; nº 559/96, da Diretoria da Associação Riograndense de Imprensa - ARI; nº 589/96, do Senhor Vicente Joaquim Bogo, Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul; nº 601/96, do Senhor Luiz Carlos Bertotto, Secretário Municipal dos Transportes de Porto Alegre; nº 607/96, do Senhor Carlos Ubiratan dos San­tos, do Gabinete da Presidência Assembléia Legislativa do Estado; nºs 691, 700, 769, e 771/96, do Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho, da Casa Civil do Es­tado do Rio Grande do Sul. Em prosseguimento, o Senhor Presidente registrou a presença e concedeu a palavra ao Senhor Fernando Magnus, Presidente do Rotary Clube Distrito 4680, que discorreu a respeito da Campanha do Teste do Pézinho. Logo após, o Senhor Presidente apregoou Licenças para Tratamento do Saúde dos Vereadores Giovani Gregol e Mário Fraga, respectivamente. A seguir, o Se­nhor Presidente informou aos Senhores Vereadores que na próxima terça-feira, dia 25 de junho, se realizará, na Casa, o lº Encontro das Mesas Diretoras da Re­gião Metropolitana, seguido de um almoço ao término do evento. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Guilherme Barbosa referiu-se ao movimento nacional unitário convocado pelas centrais sindicais no presente dia, listando os diversos motivos para a realização desta greve e salientando que a Bancada do Partido dos Trabalhadores apoia oficialmente o movimento e que, portanto, reti­rar-se-ia da presente Sessão, naquele momento. Em continuidade, o Ver. João Dib discorreu sobre a greve geral, posicionando-se contra essa iniciativa e ressaltando que esse tipo de manifestação é contrária ao desenvolvimento do país. Em prosseguimento, o Ver. Antonio Hohlfeldt teceu considerações a respeito da Greve Geral, ressaltando ser essa uma manifestação de oposição ao Governo sem maiores conseqüências benéficas aos trabalhadores e ao País. Logo após, o Ver. Luiz Braz referiu-se a posição do Partido dos Trabalhadores diante da greve, classificando-a como demagógica se comparada a atitude do Senhor Pre­feito Municipal Tarso Genro, o qual declarou que os grevistas terão o dia des­contado de seus salários. Em continuidade foi iniciado o período de PAUTA. Em Discussão Preliminar, 1ª Sessão, estiveram: os Projetos de Lei do Legislativo nºs 91, 92 e 96/96 e o Projeto de Resolução nº 18/96, este último discutido pelos Ve­readores Edi Morelli, Artur Zanella, Antonio Hohlfeldt e Dilamar Machado; em 2ª Sessão, estiveram: os Projetos de Lei do Legislativo nºs 74 e 87/96 e os Pro­jetos de Lei Complementar do Executivo nºs 06 e 07/96, este último discutido pe­los Vereadores Artur Zanella, Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt e Dilamar Ma­chado. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Pedro Ruas discorreu a respeito da situação da comunidade da Vila União que está prestes a ser despeja­da pelo Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB. O Ver. Dilamar Machado, reportou-se aos episódios envolvendo a última Greve Geral e, também sobre as propostas de alteração do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Porto Alegre. O Ver. Reginaldo Pujol comentou a retirada da Bancada do Partido dos Trabalhadores da presente Sessão, reportando-se, também, às consi­derações do Ver. Dilamar Machado sobre as mudanças do Plano Diretor da Cidade. Na ocasião, o Ver. João Dib formulou Questão de Ordem sobre o andamento de Requerimento de sua autoria solicitando informações sobre os ocupantes de cargo em comissão nesta Casa, ao que o Senhor Presidente respon­deu que tais dados encontram-se desatualizados face às constantes modificações do quadro de funcionários dos gabinetes. O Ver. Luiz Negrinho criticou a postura adotada pelo Executivo Municipal ao promover o desalojamento dos mo­radores da Vila União, dizendo que essa questão já havia sido denunciada por Sua Excelência anteriormente. Em prosseguimento, o Ver. João Dib formu­lou Questão de Ordem inquirindo sobre a possibilidade de os Vereadores do PT que se ausentaram da presente Sessão serem descontados em seus vencimentos, ao que o Senhor Presidente respondeu que a ocorrência de descontos dos venci­mentos é executada após comprovada ausência em três Sessões sem justificativa. Em prosseguimento, o Ver. João Dib, em Questão de Ordem, indagou se as Sessões Extraordinárias são válidas para o efeito de cômputo de faltas, ao que o Senhor Presidente respondeu que sim. Às onze horas e oito minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados os traba­lhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária, a seguir, e, também, para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn e Fernando Záchia e secretariados pela Vera. Clênia Maranhão, esta como Secretária “ad hoc”. Do que eu, Fernando Záchia, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

ERRATA

 

ATA DA QÜINQUAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA - 21.06.1996

 

- Antes dos registros referentes à Comunicação de Líder efetuada pelo Vereador Guilherme Barbosa, inclua-se “(...) Na ocasião, o Vereador Luiz Braz, através de Questão de Ordem, congratulou-se com a Mesa Diretora pela organização do 1º Encontro de Mesas Diretoras da Região Metropolitana. Também, o Vereador Edi Morelli, através de Questão de Ordem, solicitou maiores informações acerca deste Encontro(...)”.

 

- Após os registros referentes à Comunicação de Líder efetuada pelo Vereador Pedro Ruas, inclua-se “(...) Na oportunidade, o Vereador João Dib formulou Requerimento verbal solicitando que conste nos Anais desta Casa o ‘tratamento diferenciado’ concedido pelo DEMHAB aos moradores da comunidade da Vila União e aos moradores da Vila Cosme e Galvão, tendo o Senhor Presidente solicitado o encaminhamento deste Requerimento por escrito. Também, através de Questão de Ordem, manifestaram-se a respeito os Vereadores Pedro Ruas e Luiz Braz, solicitando o apoio da Casa à busca de solução para os problemas relatados pelo Vereador Pedro Ruas em Comunicação de Líder(...)”.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Registramos a presença, neste Plenário, do Dr. Fernando Magnus, que assume a Governadoria do Rotary Clube Distrito 4680, a partir do dia 29 de junho, a quem convidamos para ingressar no Plenário desta Casa e comparecer à Mesa Diretora dos trabalhos.

Tendo em vista a relevância do tema da autoridade presente do Rotary Clube, que muito honra esta Casa com a sua presença, nesta oportunidade, nós oferecemos a palavra ao visitante que tem a intenção de transmitir aos Srs. Vereadores sobre a Campanha do Teste do Pézinho.

Com a palavra, o Dr. Fernando Magnus.

 

O SR. FERNANDO MAGNUS: Sr. Presidente Isaac Ainhorn, Sr. Secretário, ilustres Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Nós comparecemos a esta Câmara de Vereadores, primeiramente, para registrar a nossa satisfação e admiração pelo trabalho dos representantes da sociedade porto-alegrense, da comunidade, dos cidadãos de Porto Alegre, nesta Casa que é o Parlamento do povo. Em segundo lugar, gostaria de falar sobre dois temas, sendo que o Teste do Pezinho, que é um dos projetos do Rotary Clube Porto Alegre – Bom Fim – será detalhado por médicos, por pessoas especializadas, que não compareceram hoje, mas certamente comparecerão num outro evento. Como se trata de matéria técnica, nós preferimos que eles mesmos o façam perante este Plenário de legisladores municipais. Mas aproveitamos a honrosa oportunidade para transmitir à Presidência desta Casa e aos Exmos. Srs. Vereadores um convite formal para assistir à cerimônia de posse do Distrito 4380, que abrange desde o Chuí, Santa Vitória do Palmar até o Norte, além de Santa Cruz do Sul. São 46 Clubes, 46 Municípios, na Solenidade de Posse dos Presidentes entrantes dos Clubes do Rotary que acontecerá dia 29 de junho; na Sociedade Germânica, às 20h. Solenidade que contará com o comparecimento de nossas autoridades federais, municipais e estaduais. Registrando também para aqueles que não conhecem, o Rotary é uma organização não-governamental que congrega mais de 1 milhão e 200 mil lideranças no mundo, atuando em 154 Países e tem por objetivo servir à comunidade. E tem também a sua fundação rotária, a 2ª maior do mundo, que faz o trabalho de projetos na área educacional, humanitária e de promoção social.

Será uma honra para a governadoria a presença, a representação desta Casa no evento. Muito obrigado pela oportunidade e honra que me dão de ocupar esta tribuna. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos com satisfação o comparecimento do Dr. Fernando Magnus, figura por demais conhecida desta Cidade, em visita, convidando os Srs. Vereadores à posse da sua nova governadoria que ocorrerá dia 29 de junho.

Lembramos aos Srs. Vereadores que na terça-feira, dia 25 de junho, a partir das 9h, neste Plenário, estaremos realizando o 1º Encontro das Mesas Diretoras da Região Metropolitana. Logo após, teremos um almoço, relativo ao término do evento.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Louvamos a iniciativa de V. Exa. em promover esse encontro que satisfaz o que diz a Lei Orgânica do Município. Em 1994, chegamos a realizar um encontro, que se não foi tão bem organizado como o que V. Exa. está realizando este ano, um encontro que serviu para trazer Câmaras da Grande Porto Alegre a fim de satisfazer aquele artigo da Lei Orgânica do Município.

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a importante intervenção do Ver. Luiz Braz e até por uma falta de informação da Mesa e da Assessoria de não terem proporcionado esse dado que julgamos importante e que V. Exa. registra no Plenário desta Casa e inclusive, formalmente, ficou como primeiro encontro, mas passaremos a referir que por ocasião da Mesa Diretora em que V. Exa. presidiu no ano de 94 que nesse ano houve um encontro preparatório. Achamos isso importante, porque faz parte exatamente de um precedente importante verificado no sentido de ordenar esse tipo de encontro que julgamos ser importante para os interesses administrativos e políticos comuns existentes em relação à região metropolitana. É por esse motivo que esta Presidência mais os Vereadores Edi Morelli, Mário Fraga, Secretário da Casa Fernando Záchia e demais Secretários reiteram e insistem com a importância da presença de V. Exas. aqui, neste Plenário, na terça-feira, para receber nossos colegas Vereadores de Mesas Diretoras que estarão presentes aqui participando e integrando esse encontro extremamente importante e dando cumprimento ao disposto no Art. 105, da Lei Orgânica.

 

O SR. EDI MORELLI (Questão de Ordem): Faço uma pergunta oficial uma vez que tenho recebido manifestação de companheiros de Câmaras da Grande Porto Alegre, se o almoço será oferecido pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre aos demais companheiros de Mesas Diretoras da Grande Porto Alegre, digo, de Câmaras da Grande Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE: Estamos conversando com os membros da Mesa. Até segunda-feira definiremos uma posição sobre esse assunto.

 

O SR. EDI MORELLI: Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a solicitação de Licença para Tratamento de Saúde, de autoria do Ver. Giovani Gregol, no dia de hoje.

A Diretoria Legislativa nos informa que os Vereadores Suplentes do Partido dos Trabalhadores estão sendo consultados, um a um, para verificar qual o Vereador investirá nesse mandato de um dia, em decorrência da Licença para Tratamento de Saúde do Ver. Giovani Gregol.

O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje, no País, com maior ou menor intensidade, se desenvolve um movimento grevista convocado pelas três centrais sindicais do País – CUT, CGT e Força Sindical. Só esse fato, de um movimento nacional unitário, já mereceria uma reflexão. Há motivos de sobra e suficientes para um movimento dessa plenitude, convocado, de forma unitária, pelas centrais de sindicatos dos trabalhadores. Esse movimento se baseia principalmente no que diz respeito ao crescente desemprego no País, e, ao salário que, apesar de muita divulgação pelo governo federal do seu crescimento, ainda é significamente baixo em todo o nosso País. E relembra, esse movimento grevista, o símbolo da campanha do Presidente Fernando Henrique Cardoso em 1994, quando a sua mão aberta, significando, os seus cinco dedos, cinco iniciativas prioritárias da sua administração. Seriam como prioridades acatadas pelo governo federal: a questão do emprego, ampliando, evidentemente; a agricultura, a saúde, a segurança e a educação. Se passarmos um olhar por cada uma dessas iniciativas de governo, vamos verificar que nada ou praticamente nada foi feito daquilo que seriam as suas prioridades de governo. Em algumas delas, como é o caso do emprego, houve um retrocesso. Na região metropolitana de Porto Alegre, hoje, são mais de 200 mil desempregados. O que fazem essas pessoas? Qual a saída para a sua manutenção e da sua família? Ou vão para o emprego informal, ampliando, cada vez mais, o número de camelôs, com uma remuneração insegura e sem qualquer perspectiva; ou vão para a marginalidade assumida, e para a violência. Esta é a situação concreta do País. Mas, ao mesmo tempo se vê que para banco falido, fruto de corrupção e fraude, há dinheiro de sobra no País.

Então, Srs. Vereadores, o nosso partido está engajado há muito no apoio à Greve Geral, nossa Bancada também apoia este movimento, e, decidimos vir a esta Casa, alguns de nós pelo menos, além deste Vereador, Ver. João Verle e Ver. João Motta, para comunicar que viemos à Câmara de Vereadores para dar quórum à Sessão, mas neste momento, estamos nos retirando para, oficialmente, demonstrar o nosso apoio ativo à greve que se desenvolve no País, e participarmos dos eventos que estão ocorrendo na Cidade de Porto Alegre. Então, esta é a comunicação que queremos fazer à Casa Legislativa e a população de Porto Alegre. Que viemos à Câmara trazer a nossa presença à Sessão, mas que estamos nos retirando formalmente, numa demonstração clara e ativa de apoio à greve geral neste 21 de junho de 1996. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): Liderança com o PPB, Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Não conheço nenhum país que construiu o seu progresso alicerçado numa greve, não conheço progresso alicerçado numa greve, não conheço dirigente sindical que possa perder o seu emprego por causa da greve; conheço muitos dirigentes sindicais que são capazes de se tornarem vogais ou juizes classistas e que estão muito bem situados na vida, sempre. O que me surpreende é que Vereadores que representam o povo venham ao Plenário desta Casa dizer que vão fazer greve. É muito fácil fazer greve com aqueles que podem perder os seus empregos. Muitos dos serviços que hoje estão funcionando numa época de desemprego poderão fazer com que os patrões verifiquem que era capaz de trabalhar com menos gente que o serviço está na sua plenitude. Este tipo de coisa, este tipo de greve é feito contra o País, contra o desenvolvimento. O que deveria haver era solidariedade de todos, era o trabalho de todos, não reclamar dos salários baixos, esquecendo-se que a Prefeitura paga salários baixíssimos, e a Prefeitura tem muito dinheiro, pelo menos na propaganda que começa às zero hora de amanhã e termina às vinte e quatro horas. Todas as emissoras de televisão, rádio, jornais estão cheios de propaganda da Prefeitura mostrando que tem muito dinheiro, o dinheiro do povo usado na publicidade. Essa Prefeitura que tem todo esse dinheiro não dá para os seus servidores um pouquinho mais, não dá nem audiência, não dialoga. Esta Prefeitura que deveria dialogar porque o prefeito é de todo porto-alegrense, deveria ter a voz enérgica do prefeito dizendo que Porto Alegre vai trabalhar. Estou falando porque fiz isso há 13 anos atrás, no mês de maio: eu disse que Porto Alegre iria trabalhar, eu assumiria o comando da operação trabalho. Às três horas da manhã eu estava na Secretaria Municipal dos Transportes, porque nenhuma cidade pára se o transporte não parar. As três horas da manhã eu começava a dirigir o transporte da cidade como prefeito, às cinco horas da manhã eu estava na frente da Carris determinando que os ônibus saíssem. Agora a Carris fez corpo mole, de repente, começou a sair, quando os outros 13 já haviam arriscado.

O Poder Público Municipal está lá, tranqüilo, cheio de dinheiro, escondendo as oportunidades para os servidores receberem um pouco mais, um pouco mais de dignidade. Poder Público que manda projetos de lei aquinhoando alguns já aquinhoados, em detrimento de outros que estão muito mal, consegue até urgência. É muito fácil construir a desordem, o que é difícil mesmo é construir o progresso, o progresso se constrói com trabalho.

O povo alemão, hoje um dos mais ricos do mundo, só conseguiu chegar onde está porque trabalhou, porque os dirigentes políticos, sindicais entenderam que tinham que dar trabalho à sua pátria. E aqueles que têm, pelo menos, por 4 anos, trabalho assegurado como Vereadores, vêm dizer que estão solidários com a greve e que fizeram o favor de dar quórum. Não deveriam ter comparecido aqui porque a obrigação do Vereador é a obrigação dos servidores da Câmara que não fizeram greve, estavam aí com todas as dificuldades. Tem que elogiar os servidores da Câmara e tem que dizer ao Prefeito de Porto Alegre que ele não tem que impedir reposições salariais, até quando não é do Poder Executivo e sim do Legislativo. Esse é o trabalhador do Brasil, do Partido dos Trabalhadores, que impede que classes sejam um pouquinho injustiçados. Até isso se impede, e depois vamos fazer greve para dar mais trabalho. A Prefeitura não precisa de greve, ela já encheu de cargos em comissão, já encheu de cartas-contratos, já fez tudo que podia fazer. Não precisa fazer mais nada, já usou tudo que podia usar, e mal, com o dinheiro do povo de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra, em Liderança.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Em que pese a saída dos Vereadores do PT, mal-educadamente, porque, afinal de contas, falam e não querem ouvir, eu quero registrar, primeiramente, - com todo o respeito ao Ver. Motta que permanece em Plenário – que repito e ratifico a posição que sempre tive que sou absolutamente favorável à greve. Acho que é um movimento democrático, é um direito do trabalhador, sem nenhum problema. Agora, por outro lado, quem comanda uma greve deve avaliar os resultados dessa greve. Estou desde às seis horas da manhã ouvindo pelo rádio e pela televisão os resultados da greve. De um modo geral, parece que não deu o resultado esperado, simplesmente por causa do transporte coletivo das grandes cidades.

Como disse o Ver. João Dib, se não pára o transporte coletivo dificilmente pára o restante dos segmentos da população de trabalhadores. A conseqüência maior é que são exatamente aqueles trabalhadores que vão morar mais longe dos seus lugares de trabalho, vão morar na Baixada Fluminense no Rio de Janeiro, vão morar na periferia de São Paulo, estão morando na Grande Porto Alegre, mas vêm trabalhar em Porto Alegre ou moram nos bairros mais distantes, mas vem trabalhar no Centro da Cidade, e são aqueles que enfrentam a pior situação porque nesses lugares, às vezes, há dificuldades de ônibus, que já é normal, porque o serviço de ônibus é ruim do dia-a-dia e fica, evidentemente, pior. Na verdade, a conseqüência que vamos ter hoje é, talvez, - o Ver. Guilherme Barbosa estava tão preocupado com o desemprego – talvez haja mais desempregados a partir de amanhã, porque maus patrões terão como desculpa, para botar funcionários na rua, o fato de terem faltado, o que fizeram, talvez, não por sua própria vontade, mas porque não dispuseram do ônibus para chegar até o local de trabalho.

Por outro lado, vejo e ouço a Liderança do PT voltar sempre às mesmas questões. O Ver. Guilherme Barbosa, especialmente, adora falar do PROER. Se o Ver. Guilherme Barbosa estivesse aqui e gostasse de ouvir, não só de falar, eu gostaria de lhe propor que ele fizesse uma reflexão pequena. Não sei se o melhor caminho foi o PROER, ou os empréstimos que o governo civil foi obrigado a passar a esses bancos. Proponho o exercício contrário: o Governo Federal não passa esses recursos, eles vão falir, e isso vai criar um processo em cascata de falência do sistema bancário brasileiro. E o sistema bancário brasileiro afeta o sistema latino-americano brasileiro, e esse sistema afeta, sim, o sistema bancário mundial. Isso para não falar, como lembra o Ver. João Dib, nos pequenos depositantes, porque os grandes não têm dinheiro no Brasil. Os que têm 5 mil reais, 6 mil reais depositados precisam desse dinheiro, e, cada vez que houve um problema com uma das entidades bancárias, saíram correndo para a porta dos bancos, tentando, desesperadamente, retirar o seu dinheiro. Todos nós enfrentamos isso no primeiro dia do Governo Fernando Collor, quando houve, ali sim, um golpe na economia popular.

Parece-me, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que uma coisa é fazer oposição ao governo. Nós somos oposição ao Município, assim como o Partido dos Trabalhadores é oposição ao governo do Estado e oposição ao Governo Federal. Outra coisa é ser, irresponsavelmente, sempre oposição.

Durante esta semana, o PT contrariou todo o seu discurso histórico, desde a sua fundação, só para conseguir votar contra o Presidente Fernando Henrique: votou a favor dos fundos. O histórico discurso do Partido dos Trabalhadores foi, muitas vezes, concretizado em medidas objetivas, como a retirada, por exemplo, do fundo de aposentadoria dos Vereadores desta Casa e dos deputados na Assembléia Legislativa, com absoluta justiça, com absoluta ética. Surpreendentemente, os deputados federais, porque são oposição ao Fernando Henrique Cardoso, preferiram ser contraditórios consigo mesmos e votaram com o pior que existe no Congresso Nacional e protegeram o corporativismo e os dinheiros dos grandes salários. Parece-me que há coisas difíceis de se entender, muito difícil. Que o governo faça erros, todos os governos fazem erros. Eu lembraria aqui os primeiros 12 meses da administração do Olívio Dutra que foi um verdadeiro caos e posso falar disso com muita tranqüilidade porque participei desse caos como titular de uma Secretaria e, depois, como um dos líderes do governo aqui nesta Casa. Erros se cometem, arrumar uma casa do tamanho das contradições do Brasil não é fácil. Agora, simplesmente, dizer não, não é não o tempo todo, eu não sei se isso é ser contra o governo ou se é ser contra o país. Isso é muito ruim! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Apregoamos a Licença de Saúde durante os trabalhos da Sessão Ordinária do dia 19.06.96, conforme atestado em anexo, do Ver. Mário Fraga.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra, em tempo de Liderança.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu gostaria de saber se esta atitude tomada pelo PT aqui nesta Casa, que é um dos pilares da democracia, é a mesma atitude do Prefeito Tarso Genro. Se o Prefeito Tarso Genro também anunciou lá na Prefeitura Municipal, assim como anunciou aqui o Ver. Guilherme Barbosa, que vai deixar o passo municipal, vai fazer greve. Ora, a declaração que eu ouvi do Prefeito Tarso Genro foi a mesma que eu ouvi do Prefeito Paulo Maluf em São Paulo: os grevistas vão ter o dia descontado. Pelo menos foi a declaração feita. Ora, por que fazer demagogia aqui nesta Casa e quando tem que tomar uma atitude, e as ações são completamente contrárias, se distanciam do discurso. Eu acredito que o Prefeito Tarso Genro, ou o PT, seria muito coerente se incentivasse a greve no Município: ora, vai ter greve geral, parar o Município, o Prefeito não vai trabalhar, como o ex-Prefeito Olívio Dutra, vai sair em passeata junto com os trabalhadores grevistas pelas ruas da Cidade, e vamos para o Município, mas não, aqui no Município, além de pagar salários baixos, obriga a que os funcionários trabalhem. Os ônibus da Carris estão funcionando, os administradores da Carris forçaram que esses ônibus circulassem. Nós sabíamos muito bem que a greve geral só daria resultado se as empresas de transporte coletivo parassem. Então, o PT quer fazer demagogia. Quer ter discurso fácil. Quer dizer que ele, na verdade, é a grande vestal que existe aqui neste País, que não comete falhas e que está sempre na posição de fazer críticas. Mas, com essas atitudes, como essa de Porto Alegre, com relação à greve, quando faz uma pregação aqui nesta Casa; aliás, esta Casa tem sido menosprezada pelo PT nos últimos tempos. O grande foro para o PT deixou de ser esta Casa. O foro de reivindicação, de acordo com o PT, é o Orçamento Participativo e outras esferas criadas pelo próprio PT. É a administração do Partido único. É a administração de um Partido que não aceita a democracia, que tem medo dela e por isso mesmo tenta fazer com que esses poderes da democracia sejam alijados, eliminados para que eles possam mandar sozinhos, fazem as suas próprias estruturas a fim de que a estrutura democrática não tenha o menor valor.

Aí está o dia 21, que diz o Ver. Guilherme Barbosa que vai ficar na história. Claro que esse dia vai ficar na história! Mas ficará como mais um dia de pregação demagógica pelo PT, como mais um dia em que o PT utilizou a população para fazer o seu proselitismo barato, mais um dia em que o PT obriga os funcionários municipais a trabalharem, enquanto aqui na Câmara Municipal a Bancada vestal deixa o Plenário dizendo: “Aqui não vamos ficar mais, porque vamos apoiar a greve”. E a população, se quiser reivindicar alguma coisa, vai reivindicar onde? No Orçamento Participativo, representante de 20 mil pessoas, porque, lá no Orçamento Participativo, até agora, só participaram 20 mil pessoas e alguns Vereadores que têm os olhos fechados resolvem fortalecer esta representação de 20 mil pessoas e liquidar a representação de um milhão e meio de pessoas, mas, infelizmente, nós estamos assim. Eu não sei quais as armas que o Executivo utiliza, e que o PT utiliza, para calar os Vereadores desta Casa, mas ele tem utilizado estas armas, e utilizado muito bem, porque esta Casa, infelizmente, não pela Bancada Petista, mas por alguns dissidentes também das nossas Bancadas, acabam fortalecendo esta anti-democracia que se faz aqui no Legislativo Municipal. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quorum passamos à

PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1671/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 096/96, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que declara de utilidade pública a Entidade Comunitária Israelita Brasileira – ECIBRAS.

 

PROC. 1607/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 091/96, de autoria do Ver. João Motta, que denomina Rua Diamante um logradouro irregular, localizado na Vila Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Sarandi.

 

PROC. 1614/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 092/96, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que denomina Travessa Daltro Rodrigues Menezes um logradouro público, localizado no Bairro Sarandi.

 

PROC. 1673/96 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 018/96, de autoria da Mesa Diretora, que cria cargos de Assessor Técnico Especial no Quadro de Cargos em Comissão e Funções Gratificadas da Câmara Municipal de Porto Alegre, e dá outras providências.

 

2ªSESSÃO

PROC. 1512/96 – PROJETO DE LEI DOLEGISLATIVO Nº 074/96, de autoria do Ver. Nereu D’ Ávila, que isenta da contribuição de ISSQN os representantes comerciais do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 1569/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 087/96, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor João Cláudio Gera Costa.

 

PROC. 1528/96 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 006/96, que altera a Lei Complementar nº 315, de 06 de janeiro de 1994, que dispõe sobre o Instituto do Solo Criado no Município de Porto Alegre, e regulamenta a sua aplicação.

 

PROC. 1529/96 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 007/96, que altera a Lei Complementar nº 43, de 21 de julho de 1979, e dá outras providências. (Plano Diretor.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Edi Morelli está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fiz parte da Mesa Diretora da Casa na qualidade de 2º Vice-Presidente no ano passado, neste ano 1º Vice-Presidente e pela primeira vez, eu faltei uma reunião da Mesa Diretora realizada nesta semana. Se explica, mas não justifica, mas eu quero, mesmo assim, justificar: meu filho de 2 anos está doente e passei o dia inteiro correndo com ele para o médico. Graças a Deus ele está bem melhor. Por isso, não participei da reunião da Mesa Diretora. E aí, na discussão de Pauta, eu tenho que colocar aqui uma estranheza no Projeto de Resolução nº 18/96, de autoria da Mesa Diretora, que cria cargos de Assessor Técnico Especial no quadro de Cargos em Comissão e Funções Gratificadas. Eu solicitaria à Assessoria que me alcançasse o Projeto. Eu precisaria de algumas informações e até mesmo discutir o caso que limita as contratações nos cargos de Arquitetura, Engenharia Civil ou Ciências Jurídicas e Sociais. E aí eu pergunto: é certo? No meu entendimento não é, Ver. Pedro Ruas, para responder a seu aparte anti-regimental, porque aonde é que ficam os ambientalistas?

 

O Sr. Airto Ferronato: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Como tem percebido V. Exa., as manifestações até anti-regimentais dizendo que é certo, são apenas daqueles nossos ilustres companheiros que são os advogados, ou são engenheiros. Parabéns pela sua posição.

 

O SR. EDI MORELLI: O meu descontentamento sobre essa discriminação de que podem ser contratados apenas detentores de diploma de curso superior de Arquitetura, Engenharia Civil, ou Ciências Jurídicas e Sociais. Penso que aqui está a discriminação com a qual não concordo e, por isso, não há a minha assinatura nesse Projeto, porque eu quero discuti-lo, sabendo que o meu voto é vencido, e que os companheiros da Mesa Diretora todos assinaram favorável.

 

O Sr. Pedro Ruas: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu acredito que o Ver. Airto Ferronato tenha se enganado, talvez como V. Exa., porque eu falava com o Ver. Isaac Ainhorn na Mesa, quando respondi: “É certo”, para S. Exa., o que não tinha nada a ver com o discurso de V. Exa., e muito menos com o aparte do Ver. Airto Ferronato que fez uma referência a este Vereador que não tinha relação nenhuma com o discurso. Apenas penso que a Mesa age sempre com prudência. Não conheço o conteúdo do pronunciamento de V. Exa. e muito menos o que quis dizer o Ver. Airto Ferronato, quando se referiu no seu aparte talvez a este Vereador.

 

O SR. EDI MORELLI: Como é a primeira Discussão Preliminar de Pauta, voltarei a esse assunto novamente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. AIRTO FERRONATO (Questão de Ordem): Retiro o meu aparte e peço escusas ao Ver. Pedro Ruas.

 

O SR. PRESIDENTE: A próxima inscrição pertence ao Ver. Mário Fraga. Desiste. O seguinte inscrito é o Ver. Fernando Záchia. Ausente.

O Ver. Artur Zanella está com a palavra.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queria tentar dar uma contribuição à Mesa, quem sabe o Ver. Edi Morelli me escute, na pág. 06, já que V. Exa. pretende discutir o assunto, novamente, neste Projeto fala assim: “Condições de trabalho: a-) horário: 30 horas semanais; b-) o exercício do cargo poderá exigir a prestação de serviços à noite, sábados, domingos e feriados.” Logo não são 30h. Como o trabalho dos técnicos científicos da Casa é de 40h semanais, ficam, absolutamente, incongruentes as condições de trabalho que aqui estão, porque deveria ser o seguinte: 30h ou 40h semanais que são valores diferenciados, a possibilidade de convocação para dedicação exclusiva, aí, sim, Ver. Edi Morelli, nosso 1º Vice-Presidente, poder-se-ia exigir a prestação de serviços aos sábados, domingos e feriados, e não precisaria essa parte, porque, se for dedicação exclusiva, está implícito no ato a possibilidade desta convocação. Assim como está, é estapafúrdio, ilegal, absolutamente sem sentido, e espero que V. Exa. consiga que o Presidente lhe escute, quando V. Exa. transmitir a ele essas sugestões que estou fazendo aqui, como ex-Secretário de Administração e técnico em administração, também Professor de Administração da Faculdade de Administração da PUC.

Em segundo lugar, sugiro que os requisitos para recrutamento sejam alterados, por exemplo, no cargo de geólogo que vai estudar essa parte de risco, as microbacias dos rios de Porto Alegre, também, não está contemplado; não-contemplado, aqui, um técnico em cultura e educação que, evidentemente, acredito que possa dar uma colaboração boa na elaboração do Plano Diretor.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu delego ao Ver. Edi Morelli para que seja o meu representante para sugerir ao Sr. Presidente da Mesa e aos demais integrantes essas sugestões.

E mais, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, só para que não passe em julgado porque, depois eu vou tratar desse assunto, na época oportuna, que é a existência, também, hoje, de alterações na Lei do Solo Criado. Eu fui um dos entusiastas do Solo Criado, hoje eu acho que esse instrumento é um mal para Porto Alegre. Eu acho que o Solo Criado, num processo antes da reavaliação do Plano Diretor é um belo instrumento. Agora, no momento em que se faz a reavaliação do Plano Diretor, eu acho que temos que acabar com isso. E explico porquê: isso aí é uma vigarice que penitencia aquele que cumpre a lei. Eu vou dar um exemplo do meu vizinho, o meu vizinho, ficava ao lado de uma área destinada a uma escola e o máximo que poderia construir ali eram 2 andares; eu construi 2, o meu vizinho construiu 3 andares, a sua casa era contígua a uma escola; a área dessa escola foi desafetada, com a autorização desta Casa, nós fizemos uma reunião com o então Prefeito Alceu Collares que prometeu encaminhar que os terrenos seriam unifamiliares, depois mandou o projeto para cá em lotes e não unifamiliares, ao que uma empresa comprou 60% dos lotes e uma comprou 40%, as duas se uniram, fizeram o Solo Criado e tocaram um prédio de 11 andares, 14 andares, ao lado do pobre do meu vizinho. Então, quando a pessoa constrói a sua casa, ela tem um limite máximo, aí o vizinho do lado pega o limite máximo e coloca mais 3 ou 4 andares, conforme o Solo Criado, criando distorções.

Então, isso era adequado enquanto não havia reavaliação do Plano Diretor. Agora com a reavaliação dá para colocar o seguinte: na zona tal o limite é tantos andares, e fim. Aí sim, para chegar aqueles 8 andares, por exemplo, a pessoa que compre o índice, até os 8 andares. O que está acontecendo hoje é que nos locais em que pode ser construído 6, 7 andares, estão construindo 14, 15, conforme o caso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Airto Ferronato para discutir a Pauta.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, confesso que tinha uma expectativa enorme a respeito desse Projeto. Esse Projeto, para mim, com todo respeito, é horroroso, é péssimo, ruim. Oito anos que estou aqui e são oito anos que dizem que estão estudando para mudar o Plano Diretor. Eu entendia que viriam propostas de mudança do Plano Diretor. Há 8 anos, morador no coração do 4º  Distrito, o pessoal pede para mudar algumas coisas e eu respondo que vêm no Plano, eles estão discutindo, vai vir.

Na verdade, o que nós temos aqui são propostas adjetivas, definições que não levam a nada. Eu acredito que nós precisamos modificações no Plano Diretor, modificação na capacidade de construção, se é misto ou não é misto, estudo completo, áreas, riscos, rios e assim por diante. Agora, nesses artigos todos que nós temos aqui, eu não vejo nada de concreto. Aliás, a maioria do que aqui está escrito na Constituição Federal, está escrito na Lei Orgânica, está escrito numa série de outras normas. Nós queremos é modificação no Plano Diretor, porque ele está com defeitos. Méritos a este Plano, que foi o primeiro do país, mas, com o passar do tempo, ele precisa de modificação.

A exemplo do 4º Distrito, lá não é permitido construção de moradias, ou, se é, são construções de moradias acanhadas. Não vejo nada que altere esta posição. O que eu vejo é uma proposta do Ver. Jocelin Azambuja e, o que me parece, são propostas que vêm pipocando, uma após a outra, exatamente para atender aspectos pontuais. O que eu estava sonhando, após 8 anos de discussão e toda esta participação, com técnicos da Europa, não precisava. Nós, com os técnicos de Porto Alegre, competentes como temos, teríamos condições de apresentar isso que aqui está escrito mas também modificações concretas na parte objetiva deste Plano. Eu não sei como os nossos técnicos estão analisando o problema a partir do Art.1º, vejo como um princípio, um objetivo, coordenação do crescimento, a promoção de acesso urbanizado, já tratamos disso inúmeras vezes, gerenciamento, planos regionais, planos programas, programas e projetos, títulos. Fica instituído o sistema municipal de gestão. Acredito que seja importante colocar isso em um contexto maior, o das modificações que queremos para o plano da cidade. Se demoramos todo esse tempo para chegarmos a essas propostas, quanto tempo vamos demorar para trazer modificações e permissão para a construção mista aqui no nosso 4º Distrito. Dez anos, oito, eu não sei. Por isso acredito que não é o melhor caminho. Tinha uma expectativa bem mais objetiva e substantiva desse projeto. Não vejo nada de concreto nele. Por outro lado, vejo a proposta da Mesa como clara, importante e interessante até por que já foi uma aprovação anterior. Cito um exemplo, o Ver. Artur Zanella não é engenheiro e nem advogado, é um administrador e economista que conhece mais o Plano Diretor do que a esmagadora maioria dos meus queridos companheiros administradores, advogados, contadores e engenheiros de Porto Alegre. Por isso acredito que essa restrição no nosso projeto interno merece uma análise. Já apresentei uma emenda e vamos discuti-la.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria que V. Exa. me dissesse o que entende por construção mista.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Temos duas óticas. A construção mista pode ser de madeira, material, concreto, etc. Mas o que estou dizendo é que o bairro 4º Distrito precisa de uma modificação, há dez anos estamos tratando disso, para viabilizar a construção de residências. Eu morei na Presidente Roosvelt, uma das maiores e mais importantes artérias de Porto Alegre. Hoje para você construir uma residência ali é necessário um extraordinário volume de requisitos mínimos. Eu sonhava com uma proposta assim. Não entendo por que o Fórum Municipal está pedindo para não mexer nisso. São tão importantes essas modificações; deveria haver outras modificações, diferentes, concretas, que modificassem a Cidade. Quero mudança para a Cidade e não só teoria! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Edi Morelli): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não estive aqui, na Sessão da quarta-feira, quando, na Tribuna Popular, esta Casa foi formalmente agredida por um conjunto de pessoas que se dizem representantes populares e que assinam em nome de algumas entidades. Depois de verificarem a besteira que haviam feito, se apressaram, no dia de ontem, a distribuir uma espécie de pedido de desculpas ou reformulação do seu discurso. Na verdade, eu gostaria de lembrar que pelo menos uma dessas entidades – a FASE – já havia cometido, anteriormente, um deslize muito semelhante, contra o qual pedi providências junto ao Ver. Luiz Braz, na condição de Presidente da CEFOR, e ao próprio Presidente desta Casa. Quando todos nós Vereadores, atendendo a um pedido da FASE e com o respaldo da CEFOR, respondemos a um questionário da FASE sobre o Orçamento Participativo, no número seguinte do boletim dessa entidade, saía uma charge extremamente agressiva a todos os Vereadores desta Cidade.

Quero deixar bem claro que não sou, nunca fui e jamais serei daqueles que pretendem negar que existem maus Vereadores, que existem políticos corruptos em todas as esferas; o Parlamento representa exatamente a sociedade, com todos os seus desvios e com todas as suas qualidades. Mas o que não admito, de maneira nenhuma, e não vou admitir jamais é que se faça “tábua rasa” das coisas, a não ser que a  FASE prove que também sou ladrão, corrupto ou coisa desse tipo. Penso que eles não vão conseguir, pois tenho o hábito de olhar minha imagem no espelho todos os dias, sem nenhum problema. E considero que esta Casa, de um modo geral, cada membro pode fazer isso. Se isso não ocorrer, que a FASE denuncie nominalmente aquele Vereador que ela ou qualquer entidade considere corrupto ou menor probo em relação à representação parlamentar nesta Casa.

Faço essa introdução, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para dizer que não vou aceitar aquele tratoramento que nós vivemos aqui na fase da elaboração da Lei Orgânica do Município. Nós temos uma representação e temos a responsabilidade de desenvolver aquilo que deverá ser feito em relação a esses projetos. Houve um esforço grande da prefeitura, reconheço isso, na palavra do Secretário Burmeister, de tentar chegar a um consenso, em relação às modificações necessárias do Plano Diretor. Esse consenso se tornou impossível. Representantes da indústria, da construção, dos empreendedores, dos empreiteiros, abandonaram o barco.

Por outro lado, os chamados movimentos populares, que não têm preparo técnico para entender o que significa um plano diretor, jogaram politicamente, no sentido de inverter a ótica do plano diretor. Então, poder-se-ia dizer que o Plano de 79 era demasiadamente técnico, sem o vezo da participação da população, o que resulta no projeto que chega a esta Casa agora. Vou repetir pela terceira vez,  porque já antecipei isso por duas vezes: fui no Conselho buscar o texto original do projeto. O que nós temos, hoje, aqui, é tão perigoso quanto, ou mais, porque inverteu. Hoje se pretende que, entre aspas, a vontade política da população, representada nuns poucos, pertencualmente falando, seja a vontade política que vai definir todo Plano Diretor da Cidade de Porto Alegre. Isso a médio e longo prazo será um desastre para as populações carentes e pobres desta cidade.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Esqueci de dizer que é a terceira vez que estou nesta Casa, como V. Exa. está, e sempre se diz que a atual legislatura é mais honesta que a anterior, menos quando se trata do Plano Diretor e do sábado inglês. São honestíssimos todos os Vereadores. Quando chega o Plano Diretor ou o sábado inglês, por antecipação, alguns Vereadores são acusados de receber dinheiro dos empresários para aprovarem coisas. Se recebem no sábado inglês e no Plano Diretor, têm que receber nos outros também.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Fica o registro do Ver. Artur Zanella. Se há um erro e um equívoco, esse erro e esse equívoco debite-se ao Prefeito Tarso Genro, que teve três anos para elaborar, com a sua equipe técnica ou com assessorias contratadas, a proposta das modificações do Plano Diretor e deixou isso para o segundo semestre do ano eleitoral, porque a não ser que o PT tente, também, tratorar esta Casa com pedido de urgência a esses projetos, que eu espero que este Plenário não vá aprovar essas urgências, nós teremos uma longuíssima discussão sobre esta questão. Quero dizer que voltarei a falar sobre isso. Existem modificações extremamente importantes com relação ao Plano Diretor que estão sendo enviadas aqui, e, portanto, teremos que prestar muita atenção e trabalhar com muito cuidado em relação a esses projetos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDT, o Ver. Pedro Ruas está com a palavra.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o tema que me traz e esta tribuna neste momento é da maior gravidade, e, agradeço, desde logo, a gentileza do vice-líder do meu partido, Ver. Dilamar Machado, que me cede o tempo. Ao final do ano passado várias famílias ocupavam uma área na zona norte da cidade, no Bairro Ruben Berta, Loteamento Wenceslau Fontoura, e foram desalojadas pelo DEMAHB sob o argumento de que haveria para elas uma área pré-destinada e elas conheceram e aprovaram essa área. Essas famílias foram para os fundos de quintais de amigos, parentes e ficaram conhecidas, Srs. Vereadores, como “comunidade dos fundos de quintais”. Pouco tempo depois, aquela área que seria destinada a eles foi ocupada por outras famílias, que formaram a chamada “Comunidade Vila União”. Ambas as comunidades acertaram-se posteriormente, no sentido de que ambas ocupariam aquela área, inicialmente destinada para a primeira comunidade. Qual não foi a surpresa de todos quando o DEMHAB disse que aquela área destinada por acordo entre o DEMHAB e a comunidade do qual participou a CUTHAB, que seria destinada para a primeira comunidade, estava ocupada pela segunda e já acertada com a primeira, seria destinada a um terceiro projeto, da FESC; e, portanto, a Vila União seria despejada e aqueles primeiros também não receberiam a área.

Efetivamente, Srs. Vereadores, ao longo dos dias das últimas semanas temos lutado para manter essa comunidade no local onde está, tivemos audiência com o Dep. Mendes Ribeiro Filho, e fizemos lá um acordo que envolveu a Casa Civil do Governo do Estado, a CUTHAB, o DEMHAB, a comunidade, que, aliás, está aqui no Plenário. Pasmem, Srs. Vereadores desta Casa, aquele acordo de que só seriam despejadas as famílias, mais de 150, quando houvesse uma nova área cedida pelo Estado ou pelo Município, acabou de ser descumprido.

Anteontem, foi chamada essa comunidade ao DEMHAB e a eles foi dito que em 24 horas seriam despejados. Eles alegaram, no DEMHAB: “Nós temos um acordo, o representante do DEMHAB, Dr. Rafael, firmou este acordo”. E eles disseram: “O Dr. Rafael não faria isto”. Mas, fez. Eles estavam lá, eu estava lá, o Cony, o chefe da Casa Civil, a Dra. Márcia de La Torre, estavam todos lá, mas eles disseram: “O acordo não existe e vocês serão despejados”. Pior, serão despejados no dia da greve geral porque tem menos repercussão. Perversa manobra de quem tenta botar no frio de zero graus estas famílias que não têm para onde ir, e o Sr. Pelens, segundo me diziam os moradores hoje, de manhã, chegou a dizer: “Se não têm para onde ir, vão para os albergues”.

Esta é a posição que o DEMHAB colocou para estas famílias, que representam as demais, que sequer tiveram condições de chegar hoje aqui, umas por não ter condução, outras preocupadas com as suas casas pobres, geladas que estão a qualquer momento para ser destruídas. Esta é a posição do DEMHAB.

Quero fazer um registro de inteira justiça em relação a um Vereador desta Casa chamado João Motta. Ontem, à noite, às 23h30min, o Ver. João Motta lutava, desesperadamente, para segurar este despejo. Hoje, pela manhã, o Ver. João Motta me deu o retorno de que tentaria, ainda, segurar e há pouco me disse: “Conseguiremos segurar”. Levei-o para dizer na frente da comunidade, até que saia, pelo menos, uma nova audiência com o Dep. Mendes Ribeiro. O Ver. João Motta, não o Governo, muito menos o DEMHAB, o Ver. João Motta – este é um registro de justiça a um Vereador que, incansavelmente, de ontem à noite até hoje pela manhã, lutou nesse sentido.

Fica o registro de que há um compromisso agora, traduzido nas palavras do Ver. João Motta, a quem agradecemos a interferência, de que não haverá despejo enquanto não houver a audiência com a Casa Civil, que está sendo marcada. Fica também o nosso mais veemente protesto contra a forma cruel, perversa, maquiavélica com a qual o DEMHAB lida com estas famílias da Vila União, escolhendo, inclusive, o dia da greve geral para um despejo desse tipo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Na condição de Presidente da Mesa Diretora desta Casa e representando o conjunto dos Vereadores que dirigem esta Casa, queremos colocar, ao Presidente da CUTHAB, todos os recursos e estruturas desta Casa, durante o dia de hoje e o fim de semana, se for necessário, para agilizar soluções e dar atendimento a essa comunidade, pelos fatos que V. Exa. acabou de narrar.

 

O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente, talvez não seja regimental, mas eu proponho aos demais Vereadores, uma vez que o PT se retirou para acompanhar a greve, que nós também nos retiremos para dar segurança para essa gente, para acompanhá-los e não deixar que seja consumada a ação de despejo.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu sugiro a V. Exa. que, como primeiro Vice-Presidente desta Casa, converse com o Ver. Pedro Ruas, Presidente da CUTHAB, e encontre um denominador comum para o caminho adequado a ser tomado no sentido de dar respaldo a essa comunidade que está sofrendo essa situação difícil e constrangedora, do ponto de vista pessoal, porque ameaça o direito mais sagrado, consagrado como direito humano, que é o direito à habitação, conforme o Habitat II, realizado em Istambul.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Eu requeiro que conste nos Anais desta Casa o tratamento diferenciado que o DEMHAB, que a Administração Municipal dá para os moradores de hoje, comparando com o tratamento dado para aqueles que têm sobrados, na Vila Cosme Galvão. A diferença do tratamento: uns para a rua imediatamente, e outros, com automóveis, com caminhões, lojas e fábricas, ficarão no local, e com urgência votada neste Plenário.

 

O SR. PRESIDENTE: É importante a manifestação de V. Exa. Gostaria que V. Exa. formalizasse para que possamos votar esse Requerimento tão logo ingressamos na Ordem do Dia ou em alguma Sessão Extraordinária que venha a ocorrer no desenvolvimento dos trabalhos no dia de hoje.

 

O SR. PEDRO RUAS (Questão de Ordem): Sr. Presidente, apenas no sentido de agradecer as diversas Bancadas – aliás, não é nenhuma surpresa, porque são comprometidas com as causas desta Cidade – e, em especial, a V. Exa., que representa a Mesa, e minha solidariedade às famílias e principalmente a esta Comissão, a CUTHAB, que duramente luta contra essas questões e que, sem dúvida, tem recebido, em todos os momentos, o apoio da Mesa da Casa e, em especial, de V. Exa.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, vamos colocar toda a estrutura da Casa à disposição. Estaremos de plantão para receber as instruções de V. Exa. e dos membros da Comissão que V. Exa. preside e vamos solicitar, se for necessário, o respaldo da Brigada Militar e, inclusive, do Exército Nacional, para assegurar este direito humano que está sendo seriamente violado.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu acredito que todos nós agora podemos entender a intenção do PT em abandonar os trabalhos aqui, nesta manhã, esvaziando esta Casa para que as pessoas não pudessem ter um canal de reclamação exatamente no dia em que estas pessoas estão sendo despejadas. Mas a minha Questão de Ordem quer vincular a votação dos projetos que temos aqui, para os quais foi pedida a urgência por parte da Bancada governista, e que vinculam também populações de vilas, ao problema da Vila União. Acho que nós aqui, nesta Casa, se houver um acordo com V. Exa. e com todas as Bancadas, poderíamos votar esses projetos para os quais foi requerida a urgência, exatamente com a solução desse problema da Vila União. É isso, na verdade que encaminho a V. Exa.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa registra a importante manifestação de V. Exa., Ver. Luiz Braz.

O Ver. Dilamar Machado está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que vou dizer é extremamente reflexivo. Considero importante o que vou alertar desta tribuna. Falo na condição de Vereador em terceiro mandato e de quem, num determinado momento, por circunstâncias especiais, presidiu esta Casa.

Primeiro, quero explicar à população da Vila União, aqui presente, que não posso me referir ao assunto de V. Sas., porque estou em Pauta, mas assino embaixo do discurso do nobre companheiro Pedro Ruas.

Sr. Presidente, examinando esse Projeto de Resolução da Mesa, que cria, não um, mas 19 cargos de Assessoria Especial Temporária para assessoramento da Casa, às chamadas alterações do Plano Diretor, venho alertar à Mesa Diretora, às Lideranças de Bancadas e aos companheiros Vereadores que não estão integrados nesse conjunto, que esse Projeto apresenta, basicamente, dois equívocos: um, antidemocrático e outro, antipopular. O antidemocrático, Ver. Paulo Brum, que me olha tão atento, é que os 19 cargos, serão assim distribuídos: um, indicado pela Presidência; Bancadas com até dois Vereadores indicarão mais um, cada uma delas; Bancadas com três ou mais Vereadores farão três indicações, sendo que Bancadas como a do PDT e a do PT, que são Bancadas grandes, terão essas indicações feitas pelos Líderes e pelos presidentes de Comissões Permanentes. É uma má divisão, do ponto de vista democrático desta Casa; do ponto de vista de repercussão externa, nomearmos 19 assessores superiores, a três meses das eleições, não me parece uma medida lógica deste Legislativo. Nós temos, aqui nesta Casa, uma assessoria chamada Assessoria Técnica Parlamentar; cada comissão desta Casa tem um assessor superior; cada Vereador, dentro do seu gabinete, tem direito a um assessor superior.

Faço este alerta sem nenhuma mágoa. Tenho absoluta convicção de que não estarei na divisão desses delicados, até porque eu não fui consultado sobre essa matéria.

Agora, o que temos para discutir na Câmara, atualmente, com relação ao Plano Diretor? Uma matéria inócua. A Administração mandou para cá um arremedo de análise de Plano Diretor. O que temos aqui, eu ponho o meu 2º assessor, o meu 3º assessor de Bancada para examinar, e estou satisfeito, porque não têm nada aí, os problemas virão posteriormente. Sugiro à Casa, não digo à Mesa, porque não posso sugerir aos companheiros que revisem a sua posição, porque neles confio e considero-os pessoas de bem e, acima de tudo, de boa vontade, mas às Bancadas que reexaminem essa matéria; sugiro que o Instituto de Arquitetos do Brasil, Secção Regional do Rio Grande do Sul, seja convidado a vir a esta Casa.

Hoje o Instituto é presidido pelo Arq. Jorge Debiagi, na minha opinião um dos mais competentes e brilhantes profissionais da área, inclusive ex-Secretário de Obras do Governo Estadual que se extinguiu, do Dr. Alceu Collares, e o idealizador de uma das mais belas obras desta Cidade, o projeto Praia do Guaíba, que em face da selvagem oposição do Partido dos Trabalhadores, ficou reduzido à última obra viária de importância desta Cidade, que é a Av. Beira-Rio.

Nesse sentido eu o faço para preservar aquilo a que se referia, há pouco, o Ver. Antonio Hohlfeldt, esta Casa tem a imagem de uma Casa íntegra, de uma Casa séria, de um Legislativo que trabalha, estamos aqui com quórum, trabalhando, numa sexta-feira em que se ensaia aí fora a chamada greve geral, embora o PT não respeite nem o dia do chamamento da greve geral e quer usar a Brigada Militar e o seus servidores para despejar populações pobres e, como diz o Ver. João Dib, com dois pesos e duas medidas: despeja a Vila União e quer presentear, com o Direito Real de Uso, a Vila Cosme e Galvão e tem direito a isso a Vila, pois eles merecem.

Nesse sentido, faço o pedido, às Lideranças, às Comissões Permanentes da Casa, à Mesa Diretora, a todos os Vereadores, de uma reflexão sobre a repercussão externa dessa matéria. Quando se fala que esses técnicos cumprirão a jornada de 30 horas semanais, eventualmente podendo trabalhar aos feriados, em fins de semana, inclusive à noite, isso afronta a própria Legislação Trabalhista deste País. Isso é perfumaria, é argumento que a mim não serve, e 30 horas também não me serve, porque já presidi a Casa e sei como funciona. É admitido técnico 30 horas e é chamado a cumprir o regime de Dedicação Exclusiva ou Tempo Integral.

Como tenho um orgulho muito grande de pertencer a esta Casa, de dizer, em qualquer lugar que vou, que a Câmara Municipal de Porto Alegre é uma Casa decente, é uma casa séria, de pessoas competentes, que não estão aqui apenas de enfeite, estão aqui para servir à comunidade, é que faço um apelo: Eu gostaria de ver esta matéria revisada. Pelo menos gostaria de ser convencido, porque não estou. Acho que da maneira que está este Projeto, não passa de uma divisão de delicados para alguns Vereadores da Casa às vésperas de uma eleição. Isso pode até ser uma colisão frontal com a Legislação Eleitoral. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Reginaldo Pujol está com a palavra para Comunicação de Liderança.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós estamos aqui nesta manhã em uma situação absolutamente paradoxal, aonde um segmento expressivo da Casa, a Bancada Majoritária, não estando presente, poderia até constranger alguns dos integrantes da Casa a fazer determinados comentários para não ser acoimado de ter utilizado a ausência dessa representação política para fazer tais colocações. O pronunciamento do Ver. Dilamar Machado impõe a minha vinda à Tribuna para me manifestar exatamente sobre a gênese do assunto que gerou o Projeto de Resolução sobre o qual o mesmo se manifestou.

Ninguém tem dúvidas de que nós estamos sendo submetidos nesta Casa, nos últimos tempos, a uma verdadeira guerrilha, patrocinada pela Administração Municipal, que agora, no apagar das luzes, nos coloca uma série de projetos de leis que tratam de matérias importantes e que, às vezes, não as tratam com a devida responsabilidade, que terão de ser por nós analisados.

Agora, no período em que, normalmente, dentro da melhor lógica do mundo, a Casa, por ser política, está com a totalidade de seus integrantes mobilizados em face das decisões políticas que ocorrem na cidade neste momento, juntamente com o Ver. Antonio Hohlfeldt, amanhã temos a realização das convenções dos nossos partidos que se propõem coligar-se e que, certamente, ocupou dele como ocupou de mim algum tempo durante semana. Pois, agora, praticamente a 100 dias das eleições, uma série de projetos de lei,  há muito anunciados, há muito decantados, produtos de fóruns, debates, simpósios, grandes conversações, desenvolvendo os segmentos mais diferentes da sociedade, chegam até a Câmara de Vereadores e tem que ser por nós discutidos e por nós estudados. É lógico, Sr. Presidente, que num ano eleitoral, todas as reações podem ser interpretadas, discutidas e contraditadas. Eu mesmo quero declarar, em alto e bom tom, que ao receber a resolução que está sendo discutida, ao analisá-la com pequenas objeções, não tive dúvida nenhuma em assiná-la, porque venho dizendo há longo tempo que esta Casa que aguarda por quase 10 anos pela reforma do Plano Diretor ao recebê-lo não pode analisá-lo na superficialidade, deve se aprofundar na análise, e para que possa fazer um aprofundamento adequado e um estudo na dimensão da importância desse Projeto, ele tem que estar qualificado.

Quero dizer honestamente, eu que fui um atento ouvidor do pronunciamento do Ver. Dilamar Machado, que não se diga que nós temos uma assessoria técnica parlamentar e que possa nos suprir dessa necessidade, porque não pode, é uma matéria ultraespecializada e nós precisamos ter coragem de dizer que nós não vamos examiná-la sem que tenhamos plenas condições técnicas, plenas condições de fazê-lo com a forma e com a responsabilidade que precisa para ser feita; porque senão, nós estaremos sendo presa fácil da maquiavelice daqueles que deixaram para mandar para nós esse projeto de Lei agora, no apagar das luzes dessa Legislatura, para nos submeter, exatamente, àqueles constrangimentos que já vivemos desde a última quarta-feira, quando aqui circulou de mesa em mesa panfletos que diziam que era preciso a sociedade ficar cuidando dos Vereadores, porque esses, em período pré-eleitoral, tomavam atitudes não compatíveis com o interesse da sociedade.

Então, Ver. Dilamar Machado, nesta hora somos expostos a todo tipo de risco e um deles é que nós devemos nos expor na contratação de um assessoramento técnico adequado para cuidar dessa matéria. Então, eu já havia dito que a Casa não deve examinar de forma açodada esse Projeto, eu já havia aconselhado a examinar essa matéria depois das eleições de 3 de outubro. Agora vou mais longe, acho até que nós podemos dispensar a contratação de qualquer assessoria, mas não vamos examinar essa matéria que é um embuste político, que é uma emboscada do PT, que é uma forma de nos encurralar. Não vamos, para manter o bom nome desta Casa na Cidade, diminuir a nossa capacidade de examinar essa matéria. Estarei inclusive advogando, se for necessário, para que a Câmara de forma clara, de frente, segure esse Projeto de Lei, não o examine até três de outubro, acabando com qualquer perspectiva de que nesta Cidade se diga que, em ano eleitoral, os Vereadores fazem qualquer coisa, até mesmo atentar contra os interesses da sociedade. É uma mentira! Isso, Ver. Dilamar Machado, é que nos expõe à execração pública. Essas imprecações estabelecidas a partir de raciocínios torpes, de quem quer tirar proveito eleitoral neste período em que nós todos, decentemente, por que não, estamos envolvidos com o processo político, mas esperamos, pelo menos aqueles que ainda hoje teimam em trabalhar nesta Casa, que estejamos ainda mantendo alguns princípios éticos, para que a luta política possa ser uma melhoria da nossa qualidade de cidade politizada, e não essa verdadeira emboscada que o PT quer colocar a todos aqueles que não caminham por sua trilha nesta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Negrinho está com a palavra, em tempo de Liderança.

 

O SR. LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a situação dos moradores da Vila União não é uma surpresa para mim, porque tenho vindo a esta tribuna, periodicamente, para denunciar essa ação política do Executivo de desabrigar as famílias que moram em áreas verdes. Na sessão de quarta-feira, esteve aqui uma comunidade, pedindo que os Vereadores aprovassem um Projeto.

Coloquei aqui que o Executivo deveria usar o mesmo critério e coerência com outras vilas que citei aqui, e que estão na eminência de serem despejadas. Solidarizo-me com vocês e contribuirei no que for possível, porque faço parte também da CUTHAB, a mesma Comissão do Ver. Pedro Ruas, estando disposto a acompanhar qualquer movimento nesse sentido.

Algumas coisas engraçadas estão acontecendo nesta Casa, e como membro da Mesa muitas vezes atos são deliberados e alguns Vereadores são pegos de surpresa. Fui pego de surpresa, quando marcamos para o dia 22, sábado, a Convenção do PST e do PSD para em nível de coligação, esperávamos fazer um evento como o foi da pré-convenção, aqui, neste Plenário, estiveram mais de 250 pessoas. Então, fico aborrecido, porque num evento que mobiliza um determinado número de pessoas, é muito difícil para os Partidos relacionar quem vai entrar e quem vai sair. Quero, da tribuna, demonstrar a minha inconformidade com este ato, inclusive estou fazendo das Comissões Executivas somente, para que não haja nenhum problema para os funcionários que estarão, aqui, amanhã. Deixo, aqui, a minha informação e inconformidade com esse ato que não tomei conhecimento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nobre Ver. Luiz Negrinho, para a questão que V. Exa. coloca, em primeiro lugar, quando há encontros partidários, evidentemente, que não há necessidade de quem vai ficar. Todos os Partidos têm realizado – e V. Exa. sabe, porque assina as autorizações -, porque por força do Regimento Interno, as autorizações de cedência de próprios desta Casa não é competência apenas do Presidente da Casa, mas é competência da Mesa Diretora.

Normalmente, o que acontece, há muitos anos que estou aqui, qualquer Vereador que vai desenvolver atividades no sábado e domingo informa quem vai vir trabalhar no seu gabinete. É um critério que foi tomado por segurança da Casa, até por que, infelizmente, há uma sindicância, com problemas de ordem administrativa, naturais, de uma Casa com muita freqüência e que a Mesa tem sabido conduzir com habilidade o conjunto de Vereadores, inclusive V. Exa., com a peculiaridade de ser uma Casa política, mas com a necessária rigidez que, muitas vezes, exige, também compatibilizando essas duas circunstâncias para que não haja prejuízo para ninguém.

Esta Presidência tem determinado, sobretudo em relação aos partidos políticos, autorização imediata, tendo em vista que este mês é um mês de convenções partidárias, esta Casa é uma casa de vida partidária e ela está aberta para todos os segmentos da sociedade e, neste momento, tanto aos partidos políticos com representação nesta Casa, como aqueles que não dispõem de representação política nesta Casa.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, há bastante tempo eu fiz um Requerimento solicitando que me fossem indicados os ocupantes de cargos em comissão nos gabinetes e não recebi a resposta ainda. Gostaria de recebê-la, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Não há dúvida alguma, Vereador, já foi feita uma listagem, depois houve uma desatualização pelas constantes movimentações de gabinetes de Vereadores que existem. Por isso, acredito que tenha havido algum problema. Mas, com agilidade, nós encaminharemos a V. Exa.

Vamos proceder à verificação de quórum para entrarmos na Ordem do Dia.

Há quorum, 16 Vereadores presentes.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Considerando, Sr. Presidente, a declaração do Sr. Prefeito Municipal, de que a Prefeitura  trabalharia e que os servidores que não comparecessem seriam descontados; considerando que Vereador não pode fazer greve, legislador não faz greve; considerando a declaração, em Comunicação de Liderança, do Vice-Líder do PT, eu requeiro a V. Exa. que os Vereadores do PT que não estiveram presentes no Plenário, nesta chamada da Ordem do Dia, sejam descontados dos seus vencimentos. Mas, como o Prefeito também faz, que seja permitida a oportunidade de recuperarem ou acertar com a Mesa. Se não recuperarem a sua falta declarada, que sejam descontados.

 

O SR. PRESIDENTE: Recebo a solicitação de V. Exa. e vamos tomar as devidas providências. Lembro a V. Exa. que a sistemática regimental é de que o Vereador que faltar a mais de três Sessões sem justificativa terá descontado um trinta avos dos seus vencimentos correspondente a cada Sessão de ausência. Evidentemente que esta falta já está anotada pelo serviço de controle desta Casa através da Diretoria Legislativa que faz esse levantamento.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Havendo convocação Extraordinária será contada outra falta?

 

O SR. PRESIDENTE: Sim.

 

O SR. JOÃO DIB: Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão. Convocamos os Srs. Vereadores para uma Sessão Extraordinária dentro de dois minutos.

 

(Encerra-se a Sessão às 11h08min.)

 

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